Como IA e redes sociais mudam a forma de buscar online

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O comportamento de busca na internet está mudando. Se antes o Google centralizava praticamente todas as pesquisas, hoje plataformas como TikTok, YouTube e ferramentas de inteligência artificial — entre elas ChatGPT, Gemini, Claude, Perplexity e Grok — já disputam espaço como pontos de partida. Dados da Exploding Topics (2025) mostram que o Google ainda processa 16,4 bilhões de buscas por dia, o equivalente a mais de 5,9 trilhões de pesquisas por ano. Mas relatórios recentes apontam um ecossistema cada vez mais fragmentado, no qual diferentes plataformas assumem papéis complementares dependendo da intenção do usuário.
Buscas mais longas e contextuais nas IAs Estudos indicam que os hábitos de pesquisa mudam dentro de ferramentas de inteligência artificial. Enquanto no Google é comum digitar termos curtos, como “colchão casal Ortobom”, nos buscadores conversacionais as consultas são mais extensas e detalhadas, por exemplo: “Qual o melhor colchão de molas para casal com garantia?”
Segundo o Pew Research Center (2025), buscas com 10 ou mais palavras têm 53% de chance de gerar um resumo por IA, contra apenas 8% quando a consulta tem até duas palavras. Já um levantamento da StatCounter (2023) mostra que quase 60% das buscas no Google já são long-tail, tendência reforçada nos ambientes de IA, que incentivam perguntas em linguagem natural.
Essas pesquisas são também mais informativas e contextuais, combinando múltiplas intenções. O usuário não quer apenas um link, mas uma resposta estruturada, que reúne explicação, comparação e até sugestão de compra.
IA não é só Google: novos buscadores conversacionais Embora o Google continue dominante, há sinais claros de que as IAs começam a disputar espaço. Um estudo da Adobe (2025) mostrou que 77% dos usuários nos EUA já usaram o ChatGPT como mecanismo de busca, e 24% afirmaram escolhê-lo como ponto de partida, especialmente a Geração Z.
O Wall Street Journal (2025) reforça a tendência: ferramentas como ChatGPT e Perplexity já respondem por 5,6% das buscas em desktop nos EUA, mais que o dobro do ano anterior. Ainda assim, o Google segue com 94,4% de participação. Ou seja, as IAs estão longe de substituir os buscadores tradicionais, mas começam a se consolidar como uma rota paralela e em crescimento.
Redes sociais ainda relevantes As redes sociais também passaram a disputar atenção na etapa inicial da jornada de busca. Entre os mais jovens, o TikTok e o YouTube funcionam não apenas como entretenimento, mas como plataformas de descoberta de informação e produtos.
Uma pesquisa do Axios/YPulse (2024) revelou que 21% dos jovens de 18 a 24 anos já iniciam suas buscas no TikTok, enquanto apenas 5% escolhem o YouTube. A maioria ainda começa no Google, mas a presença dessas plataformas como ponto de partida mostra como o comportamento de busca está se fragmentando, especialmente entre as gerações mais novas.
No Brasil, esse fenômeno encontra terreno fértil. Dados do DataReportal (2025) indicam que mais de 90% dos brasileiros estão conectados à internet, com WhatsApp, Instagram, YouTube e TikTok entre as plataformas mais utilizadas diariamente.
O impacto para marcas e consumidores Essa mudança no comportamento de busca tem efeitos diretos para empresas de todos os setores.
Para consumidores, a vantagem está na rapidez: é possível obter respostas completas em IAs, ou ver demonstrações práticas em vídeos curtos no TikTok e YouTube. Por outro lado, há o desafio da confiabilidade, já que resumos automáticos nem sempre trazem a fonte ou podem simplificar demais informações complexas.
Para marcas, o impacto é ainda maior:
- Menos cliques orgânicos: pesquisas do Pew Research Center (2025) mostram que a probabilidade de clique em sites cai de 15% para 8% quando um resumo por IA aparece nos resultados do Google.
- Mais pontos de contato: as marcas precisam se preparar para serem descobertas não apenas pelo Google, mas também em resumos de IA e conteúdos sociais.
- Conteúdo adaptado: materiais informativos, comparativos e com dados verificáveis aumentam as chances de serem citados por IA. Já vídeos curtos, resenhas e tutoriais impulsionam a descoberta em redes sociais.
SEO além do Google De acordo com Daniel Arend, fundador da Search Lab, diante desse cenário os projetos de SEO deixam de ser apenas “otimizar para o Google”. Hoje, trata-se de garantir presença em múltiplos ambientes de busca. Para isso, explica Arend, é preciso:
- Criar conteúdos confiáveis, claros e estruturados, que possam ser referenciados por IAs.
- Usar dados e fontes para aumentar a credibilidade de páginas.
- Produzir vídeos otimizados para TikTok e YouTube, respondendo perguntas comuns dos consumidores.
- Trabalhar formatos “resumíveis”, como FAQs e listas comparativas, que se encaixam tanto em resultados de IA quanto em pesquisas tradicionais.
O futuro da busca O Google (ainda) segue como referência, mas divide cada vez mais espaço com novas plataformas. Inteligências artificiais conversacionais, redes sociais e plataformas de vídeo moldam o futuro da descoberta online.
Para empresas, essa transformação é um alerta: quem compreender antes esse novo comportamento terá mais chances de construir relevância e manter a atenção do consumidor.
“A forma como as pessoas buscam mudou, e as estratégias de presença digital precisam acompanhar. O que antes era otimizar apenas para o Google, agora envolve SEO, GEO e AEO”, afirma Daniel Arend.