Falta de crédito e insumos ameaça plantio da soja no Rio Grande do Sul

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Produtores do Rio Grande do Sul relatam grande dificuldade para obter insumos e iniciar o plantio da soja da safra 2025/26. Muitos afirmam que poderão reduzir áreas cultivadas ou até desistir de lavouras arrendadas devido a restrições de crédito e alto endividamento.
O estado, um dos principais produtores de soja do Brasil, atrás apenas do Paraná, enfrenta sucessivas perdas de safra provocadas por estiagens e enchentes. Agora, o acesso limitado ao crédito rural ameaça comprometer o início da nova temporada — mesmo com projeções climáticas favoráveis.
Embora o plantio tenha sido autorizado oficialmente em 1º de outubro, muitos agricultores afirmam que ainda não têm fertilizantes, sementes nem defensivos suficientes.
Um produtor de Cachoeira do Sul, Armindo Crestani, conta que perdeu acesso a novas linhas de crédito, tem CPF negativado por causa de negociações bancárias que foram rejeitadas e não vê condições de manter toda a sua área.
Em São Vicente do Sul, o produtor Fábio Santos critica o comportamento das instituições financeiras:
“Produtor serve para o banco quando compra consórcio, seguro, capitalização, mas quando precisa no aperto, não serve mais.”
Além dos pequenos e médios agricultores, arrendatários também enfrentam dificuldades para pagar pelo uso das terras, o que reduz sua capacidade de oferecer garantias para novos financiamentos.
O produtor Dimitrius José, de Tapes, conta que renegociou dívidas diversas vezes, mas ainda não conseguiu crédito novo e segue sem insumos armazenados. Ele diz viver “dia a dia tentando garantir recursos para continuar”.
A MP 1.314, que liberou R$ 12 bilhões para renegociação de dívidas, ainda não está totalmente operacional para muitos produtores. Além disso, 93 municípios ficaram de fora por não terem declarado situação de emergência, condição exigida para o acesso ao benefício.
O Ministério da Agricultura incluiu mais 56 cidades afetadas pelas enchentes na lista de elegíveis, ampliando o alcance da medida. Ainda assim, mesmo quem conseguiu renegociar débitos relata dificuldades para obter crédito novo junto a bancos e empresas privadas, o que coloca em risco o início do plantio no estado.